sábado, 28 de março de 2009

Francis Bacon

Francis Bacon também referido como Bacon de Verulâmio nasceu em Londres em 1561 e morreu em 1626 também em Londres. É considerado como o fundador da ciência moderna.

Francis Bacon acreditava ter nascido para servir a humanidade e reconhecia que o cuidado do bem comum estava entre os deveres a que o povo tem direito, aberto a todos, tal como as águas e o ar. Ele tinha paixão pela pesquisa, o poder de manter, com paciência, o julgamento em suspensão, de meditar com prazer, de concordar com cautela, de corrigir prontamente falsas impressões e de ordenar seus pensamentos com escrupuloso cuidado. Sua educação e sua criação haviam todas apontadas, não para a Filosofia, e sim para a política: ele tinha sido, por assim dizer, embebido na política desde a infância e acreditava que o seu dever para com o seu país lhe fazia exigências especiais, exigências essas que não podiam ser relegadas a segundo plano, não podiam ser reclamadas por outros deveres da vida. Mas sua esperança era de ser Filósofo e estadista. Não conseguia chegar a uma conclusão sobre se gostava mais da vida contemplativa ou da vida ativa, embora desconfiasse de que essa dupla direção de sua vida pudesse encurtar o seu alcance e reduzir suas realizações. Talvez devesse escolher e se focar em um só objetivo. Mas a todo momento ele pensava: “os estudos ou a sabedoria não podem ser um fim, um conhecimento não aplicado em ação, era apenas uma pálida vaidade acadêmica. Não pe que Bacon tenha aí, deixado de amar a dedicação aos livros e a sabedoria, tanto é que ele diz “sem filosofia, não quero viver.” Mas para ele, nada valia tudo conhecer apenas no campo teórico e nada disso utilizar em prol da melhoria da vida humana. Não admirava uma vida meramente contemplativa, desprezava o conhecimento que não levava a ação: “No teatro da vida, os homens devem saber que só os Deuses e os anjos devem ser expectadores.”

Então, o que percebemos fazendo algumas leituras de algumas obras, é um Bacon indeciso entre dois amores, a política e a Filosofia. Mas o fato é que seu coração estava com a filosofia. Ela foi sua companheira nos cargos exercidos, e seria o seu consolo na prisão e nas desgraças. Mas uma coisa que o incomodava fervorosamente era a estagnação da filosofia devido à persistência póstuma de métodos antigos. O mesmo incomodo lhe causava com relação a ciência. Para ele as ciências estavam estacionadas, sem receber quaisquer incrementos dignos da raça humana, e toda a tradição e sucessão de escolas ainda é uma sucessão de mestres e estudiosos, não de inventores. Mas esta ciência, por si só, não é suficiente: deve haver uma força e uma disciplina fora das ciências para coordená-las e dirigi-las para um objetivo, ou seja, o que a ciência precisa é de filosofia. Só a filosofia pode dar, até mesmo a uma vida de agitação e sofrimento, a nobre paz que resulta da compreensão. “O saber conquista ou alivia o medo da morte e de um destino adverso.” Porque a filosofia nos leva, primeiro a procurar os bens do espírito; o resto será fornecido, ou, simplesmente não nos fará falta. E a ciência se ressente muito dessa falta de filosofia. O exercício da política e da ciência se torna uma confusão destruidora, quando divorciada da filosofia.

O grande sonho de Bacon era a socialização da ciência para a conquista da natureza e a ampliação do poder do homem sobre essa natureza, mas a partir do momento que o homem se conscientizasse de que a natureza só passaria a ser comandada quando aprendermos as suas leis. E o que há de mais restaurador, de mais novo em Bacon é a magnífica segurança com a qual ele prediz a conquista da natureza pelo homem. Para ele, aquilo que o homem já fez é apenas uma garantia de tudo o que ele ainda fará. Mas porque tanta esperança se já muitos anos se passaram e a as evoluções ao longo do tempo produziram resultados tão modestos? Ora, o homem pode conquistar muito. Tudo é possível para o homem. Os homens não são animais eretos, são deuses imortais. Mas precisamos urgente de uma revolução implacável de nossos métodos de pesquisa e pensamento, no nosso sistema de ciência e lógica; precisamos de um novo organum, melhor do que o de Aristóteles, adequado a este mundo.

Porque melhor do que o de Aristóteles? Porque para Bacon, a filosofia estava atrelada ao erro dos filósofos gregos de passarem todo seu tempo dedicados a teoria e tão pouco a observação, essa filosofia tinha ficado estéril e precisava de um novo método para torná-la fértil. Devemos tornar, então, a ser como criancinhas, livres de ismos e abstrações, despidos de quaisquer preconceitos e predisposições. Temos que destruir os ídolos da mente. Esses ídolos que projetam a rejeição protestante da adoração da imagem, um pensamento confundido com uma coisa. Nunca progrediremos muito no caminho em direção a verdade, se esses ídolos ainda nos fizerem tropeçar. Precisamos de novos modos de raciocínio, novas ferramentas para compreensão. Métodos com base na teoria e na prática. Porque uma sem a outra é inútil e perigosa; conhecimento que não gere empreendimento é uma coisa pálida e anêmica, indigna de humanidade.

Uma outra característica interessante do pensamento de Bacon é a aceitação da ética epicurista. Para ele, nada poderia ser mais prejudicial a saúde do que a estóica repressão do desejo; de que adianta prolongar uma vida que a apatia transformou em morte prematura? Trata-se de uma filosofia impossível, porque a qualquer momento o instinto ira rebelar-se. “a natureza está muitas vezes oculta, às vezes dominada, mas raramente extinta.” Ou seja, Bacon aceita essa condição ambígua do individuo. Corpo e alma. E essa parte de nós que não se pode salvar, deve ser respeitada dentro de suas limitações e deve ter sua existência prolongada se for possível. Isso fica evidente quando ele fala que o médico tem que se dedicar a estudos que prolonguem a vida, que não se contentem em atuar como simples curandeiros, mas como distribuidores de maior felicidade terrena. Para Bacon a vida era uma coisa boa.


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Trabalho apresentado à Doutora Mª Terezinha de Castro Callado, pela aluna da graduação de filosofia da UECE Lorena Maciel afim de nota para a disciplina de História da Filosofia III.

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