sábado, 6 de dezembro de 2014

Filosofia e Religião

1) De acordo com o capítulo 24 do livro Introdução à Filosofia (Marilena Chauí), sobre a religiosidade, responda corretamente.
É por meio da consciência que o ser humano descobre-se diferente dos outros seres e desenvolve a percepção da realidade exterior como algo independente da ação humana. Essa consciência de que há uma ordem externa nos conduz à crença em poderes superiores ao humano e à busca de meios para comunicar-nos com ele para que sejam propícios à nossa vida humana. Nasce, assim, a crença na(s) divindade(s).
Portanto, a causa primordial do surgimento da religiosidade, podemos atribuir à
A) fé.
B) revelação.
C) convencimento.
D) consciência.
E) crença.

2) Por meio da consciência do tempo, os seres humanos sabem que há seres e coisas que surgem e desaparecem no tempo e que eles permanecem por um certo tempo porque são capazes de ligar passado, presente e futuro. A consciência do tempo nos leva à
A) consciência da arte.
B) consciência do belo.
C) consciência da estética.
D) consciência da fé.
E) consciência da morte.

3) A religião se dirige às emoções porque ela não é filosofia e nem ciência e, portanto, não é objeto do intelecto, mas dos sentimentos e, por isso, se endereça ao coração. Despertando emoções e sentimentos: admiração, espanto, acomodação, esperança, amor, medo, conforto. O crente deve aceitar plenamente o que lhe é manifestado como ação da divindade sem contestação, e pede piedade, respeito pelos seus deuses e pelos antepassados.
Dessa maneira, é correto afirmar que
A) a religião pede racionalidade.
B) a religião pede razão critica.
C) a religião exige questionamentos.
D) a religião pede somente fé e piedade.
E) a religião pede somente esclarecimento de dúvidas.

4) Budismo é uma religião não-teísta que abrange uma variedade de tradições, crenças e práticas, baseadas nos ensinamentos atribuídos a Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda.
Quanto ao budismo, marque o item correto:
A) A religião budista não acredita em um deus.
B) Buda é a referência teísta do budismo.
C) Sidarta Gautama é conhecido como o papa do budismo.
D) O budismo é uma religião tipicamente ocidental.
E) O budismo é uma das religiões mais praticadas no mundo contemporâneo.

5) De acordo com o texto abaixo, marque o item correto:
“A religião tem, por base, a anima (alma) da Natureza, sendo, portanto, chamada de anímica. Os sacerdotes africanos que vieram para o Brasil como escravos, juntamente com seus orixás, sua cultura, e seus idiomas, entre 1549 e 1888, é que tentaram de uma forma ou de outra continuar praticando suas religiões em terras brasileiras, foram os africanos que implantaram suas religiões no Brasil, juntando várias em uma casa só para a sobrevivência das mesmas. Portanto, não é invenção de brasileiros.”
A) A religião abordada no texto é o catolicismo.
B) A religião abordada no texto é candomblé.
C) A religião abordada no texto é o budismo.
D) A religião abordada no texto é o misticismo.
E) A religião abordada no texto é o hinduísmo.


6)   A felicidade é um tema central do budismo, doutrina religiosa criada na Índia por Sidarta Gautama por volta do século VI a.C. Para o budismo, a felicidade é a liberação do sofrimento, liberação esta obtida através do Nobre Caminho Óctuplo. Segundo o ensinamento budista, a suprema felicidade só é obtida pela superação do desejo em todas as suas formas. Um dos grandes mestres contemporâneos do budismo, o Dalai Lama Tenzin Gyatso, diz que a felicidade é uma questão primordialmente mental, no sentido de ser necessário, primeiramente, se identificar os fatores que causam a nossa infelicidade e os fatores que causam a nossa felicidade. Uma vez identificados esses fatores, bastaria extinguir os primeiros e estimular os segundos, para se atingir a felicidade. (Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Felicidade em 13 de novembro de 2014)
Marque a alternativa correta de acordo com o texto:
a)   Para o budismo a felicidade estaria ligada à uma fuga dos desejos e uma realização mental.
b)    A felicidade seria uma busca por prazer e satisfação dos desejos.
c)    Para Dalai Lama seria impossível se atingir uma felicidade suprema.
d)    Para o budismo, o tema central sendo a felicidade, a ocasião da infelicidade é algo que não existe.
e)  O Nobre Caminho Óctuplo é o único caminho aceito pelas religiões para se atingir a felicidade suprema.

7) Quais as principais diferenças entre a filosofia grega clássica e a patrística e como isso influenciou na religião? Explique.

8) Qual a posição dos filósofos cristãos do período medieval sobre as relações entre fé e razão? Explique.

9) Sobre a Filosofia Medieval, marque a alternativa correta:
A) Pensadores árabes não tiveram influência sobre os pensadores medievais.
B) Platão, através de Plotino, chegou como uma das autoridades do pensamento à escolástica.
C) Os dogmas são verdades da razão, portanto seguem a lógica e a ciência.
D) A conciliação entre razão e fé se dá na ordem hierárquica, onde a razão é superior a fé, portanto esta deve estar subjugada àquela.
E) O principal nome da escolástica, Agostinho de Hipona, antes de negar a razão como guiadora do homem, foi um descrente do Deus uno.

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados

Resumo produzido por Fernando Luiz Duarte Junior em dezembro de 2014.
            
            José Murilo de Carvalho em
“Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi” (1987),
inicia uma análise histórica e social sobre a instauração da República no Brasil, dividindo seu livro em cinco capítulos, além de uma introdução e uma conclusão, contando também com uma vasta bibliografia e imagens da época.

            Na introdução ao livro, o autor já deixa claro quais são as suas questões, e partindo da contestação de Aristides Lobo sobre a “bestialização” do povo diante da Proclamação da República, vai traçando sua análise também sobre a formação da cidadania no Brasil, e de como, mesmo que com muitas manifestações, o povo foi alheio à Proclamação, deixando também, ao final, o recado:

Ao reler a história com os olhos de hoje talvez pudéssemos dizer que os vivos, ao tentar reconstruir o passado, tentam governar os mortos na ilusão de poderem governar a si próprios. Ou, em versão pessimista, na frustração de não o poderem fazer. (CARVALHO, 1987, p.14)

            No capítulo I, denominado “O Rio de Janeiro e a República”, podemos ver os problemas decorridos da transição do modelo monárquico ao republicano, da abolição da escravatura que fez com que negros tivessem que disputar emprego agora de forma livre, como outros trabalhadores, brasileiros, portugueses e demais estrangeiros vindos para o país, principalmente para trabalhar nas fazendas de café, o crescimento demográfico na cidade do Rio de Janeiro, a vacinação obrigatória, a perseguição dos republicanos aos capoeiras, anarquistas e monarquistas que fez com que grande parte da população de classes menos abastadas e negros tivessem um desapreço pelo novo regime.
            Também no capítulo I podemos perceber que José Murilo de Carvalho acredita que a cultura do subúrbio, a cultura das populações negras e seus descendentes foram se incorporando nas culturas de elite, fazendo assim com que o Rio de Janeiro imperial fosse se tornando uma república, aos poucos, lentamente, a cara de seu povo, “materializada nas grandes celebrações do carnaval e do futebol” (p. 41).
            Capítulo II, a Constituição da República (1891) era mais conservadora e antidemocrática que a Constituição do Império (1824), com ela pouco se avançou em termos de expansão de direitos civis e políticos, e pode-se dizer que houve um retrocesso nos direitos sociais.
            Os soldados e operários, no início da República, também lutavam através de jornais por direitos políticos, eis que a constituição os negava o direito ao voto, e aos mais pobres, não por questões de renda, como na Constituição imperial, mas por questões de analfabetismo, tendo o Estado se eximido da obrigação de fornecer a educação primária.
            O início da República foi conturbado pelos conflitos de ideais, anarquistas, positivistas, monarquistas, socialistas e heterogêneos republicanos ainda se digladiavam sem um consenso, direitos como o de organização sindical e de greve não foram bem aceitos na República, imperando assim os ideais liberais do setor dominante e o usufruto do Estado para conquistar alguma participação ou direito político, chamado pelo autor de estadania, em contraposição à cidadania.
            No capítulo III, José Murilo de Carvalho irá desenvolver a ideia de que a total inexistência de povo no Rio de Janeiro era uma ideia exagerada, baseada na tentativa de entender o cidadão político brasileiro aos moldes europeus, e irá defender também a participação popular em movimentos existentes aqui, como o abolicionismo e revoltas republicanas, demonstrando que não existia uma “total apatia” do povo e a importância dos imigrantes nesse contexto de construção do Brasil republicano.
            O autor retoma também a discussão sobre a participação política através do voto, mostrando através de números oficiais, mesmo reconhecendo a dificuldade desses números retratarem fielmente a realidade, que 80% da população do Rio de Janeiro, a cidade mais urbanizada do país, estava excluída do direito do voto, e mesmo os 20% aptos a votar, não compareciam às eleições em sua totalidade por diversos fatores, como as fraudes eleitorais, concluindo que “pelo critério da participação eleitoral, pode-se dizer que de fato não havia povo político no Rio de Janeiro”. E também,

Em termos do sistema político formal, Couty e Raul Pompéia tinham razão: o Rio não tinha povo. O povo do Rio, quando participava politicamente, o fazia fora dos canais oficiais, através de greves políticas, de arruaças, de quebra-quebras. Ou mesmo através de movimentos de natureza quase revolucionária, como a Revolta da Vacina. Mas na maior parte do tempo dedicava suas energias participativas e sua capacidade de organização a outras atividades. Do governo queria principalmente que o deixasse em paz. (CARVALHO, 1987, p. 90)

            No capítulo IV, o autor mostrará através da Revolta da Vacina a mentalidade dos insurgentes, seus motivos – os quais demonstra serem mais morais que econômicos diante de outras revoltas –, e tentará construir suas identidades no Rio de Janeiro. Mostrará também como as tentativas de aplicação das leis, sejam elas as de higienização da cidade ou de organização urbana não pegavam bem à mentalidade dos cariocas, diferindo inclusive o formal do real, que ficará mais claro no capítulo posterior.

            No capítulo V, intitulado “Bestializados ou Bilontras?”, podemos ver a inversão de valores que havia na sociedade carioca do início da República e do século XX, onde as representações cívicas republicanas eram massacradas pelo Estado e o poder legal era composto por conservadores antidemocráticos, fazendo com que se percebesse na sociedade do Rio de Janeiro revoltas e resignações, onde a afirmativa de Aristides Lobo toma uma outra semântica, à luz de uma interpretação anarquista, José Murilo de Carvalho deixa claro que participar da política do país naquele momento era estar bestializado, enquanto que sair dela era realmente a afirmação da malandragem, do bilontra.