terça-feira, 16 de março de 2010

Planejamento e Avaliação

Autoavaliação: como ajudar seus alunos nesse processo*

Bianca Bibiano


Ao término de cada bimestre, você reserva alguns minutos de aula para que cada aluno reflita sobre o que estudou e como fez isso. Numa ficha com uma série de itens, é preciso responder a perguntas sobre comportamento, procedimentos de estudo e conteúdos. No fim, cada um atribui uma nota a si próprio, que você vai considerar na média da disciplina. "Até que a turma reconhece as próprias falhas!", você se surpreende. Mas, nos meses seguintes, a garotada não corrige os deslizes que apontou na autoavaliação. Por que isso ocorre?

A intenção foi a melhor possível: a abertura para o diálogo na avaliação é uma medida interessante tanto para o estudante tomar consciência de seu percurso de aprendizagem e se responsabilizar pelo empenho em avançar - é a chamada autorregulação - como para ajudar o docente a planejar intervenções em sala. Mas a forma como a autoavaliação foi aplicada não é a mais recomendável. É provável que a atividade tenha sido encarada como uma mera formalidade. Nesses casos, a tal "postura crítica" da turma é pouco mais que um apanhado de coisas que o professor espera ouvir: "Preciso bagunçar menos", "Tenho de respeitar os colegas", "Faltou estudar antes para a prova". Já aconteceu com você?

Da lista de equívocos que se pode apontar no exemplo do parágrafo inicial, o mais grave é a falta de acompanhamento e intervenção do professor. "Após o aluno refletir sobre o que e como aprendeu, o professor deve realizar um conjunto de ações para modificar o que está inadequado", afirma Leonor Santos, docente da Universidade de Lisboa, em Portugal, e especialista no assunto. "O objetivo é levar o estudante a confrontar seu desempenho com o que se esperava e agir para reduzir ou eliminar essa diferença."



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* Texto retirado da revista Nova Escola edição 230. Para ver o artigo na íntegra acesse: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/autoavaliacao-como-ajudar-seus-alunos-nesse-processo-planejamento-538875.shtml?page=0

terça-feira, 9 de março de 2010

Um desafio à arte de pensar na brincadeira infantil.


Paulo Victor de Albuquerque Silva

Graduando em Filosofia UECE


Resumo: A produção de brinquedos teve seu início dentro de oficinas de entalhadores de madeira e de fundidores de estanho. Sendo sua grande parte concentrada no continente europeu, e tendo a Alemanha como seu grande centro espiritual, a partir do século XVIII inicia-se a fabricação de brinquedos, originados dentro de grandes fábricas especializadas em tal produção. Com a divisão do trabalho no universo capitalista e a produção em massa, aparecem nas prateleiras das lojas diversos brinquedos saturados de suor humano e de valor de troca. No lugar da fabricação artesanal, que mantém a relação do adulto com a criança, já que os adultos fornecem os brinquedos ao público infantil, agora os fornecedores são as grandes fábricas burguesas. Com a expansão do processo industrial o brinquedo se desvencilha do controle familiar, tornando-se estranho aos pais e até mesmo às crianças. Muitos, especialmente os pedagogos, acreditavam que a criação dos brinquedos se gera a partir das necessidades infantis, enquanto os fabricantes observam as crianças como sendo apenas consumidores em potência. Na realidade as crianças são os criadores originais transformando qualquer material disponível em um brinquedo. Todas estas questões foram trabalhadas no livro de Karl Gröber, “Brinquedos infantis dos velhos tempos - Uma história do brinquedo”, de 1928. Esse pensamento é avaliado pelo filósofo alemão, Walter Benjamin, em seus dois textos intitulados: “História cultura do brinquedo”, e “Brinquedo e brincadeira, observações sobre uma obra monumental”, que levaram este pensador a considerar a importância da brincadeira como sendo responsável pela comunicação criança-mundo e ela própria co-autora da criação. A mente infantil transforma a relação brinquedo e brincadeira. Enquanto construção de uma expressão em que o mundo é visto pela primeira vez a brincadeira e não o brinquedo interage com o meio sócio-cultural. Enquanto o brinquedo fabricado tem sua especificidade no know how a serviço da lógica econômica, muitas vezes tirânica, a brincadeira revoluciona o mundo. A utilização pela criança de materiais residuais, destroços, restos, fragmentos, oferece uma nova óptica, desvela uma nova mentalidade, introduz outra percepção sobre a arte da criação que dispensa as elocubrações dos pedagogos quanto à adequação do brinquedo à criança. A criança prefere a brincadeira ao brinquedo, por ser esta aberta a mil possibilidades e aquele, artefato concluído, onde não há espaço para o ato de pensar. A brincadeira é a corda que faz o pião girar, ou que confere à pipa permanecer no ar, sendo ela que possibilita o surgimento dos hábitos humanos, estimulando, na faculdade mimética, o sentido onto-genético, através do desejo infantil de ir adiante, repetindo sempre de novo a brincadeira.


Palavras-chave: BRINQUEDO. CRIANÇA. BRINCADEIRA.

domingo, 7 de março de 2010

VII Semana de Humanidades UFC/UECE e I Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação em Humanidades

A VII Semana de Humanidades – UFC/UECE recebe entre 09 de fevereiro e 08 de março de 2010 inscrições para apresentação de pesquisas na modalidade Comunicação Oral. O evento acontecerá entre 04 e 07 de maio e será realizado no CH da UFC e CH da UECE.

Mais informações:
http://www.ch.ufc.br
Diretoria do Centro de Humanidades UFC
Tel: (85) 3366.7600

Para enviar os resumos de comunicação oral:
Email:
trabalho.7shumanidades@gmail.com

sábado, 6 de março de 2010

REFLEXÕES ROGERIANAS SOBRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM

Fernando Luiz Duarte Junior

A teoria da Psicologia Humanista tem como um dos precursores o estadunidense Carl Ransom Rogers (nascido em 1902 e falecido em 1987), ao qual vamos nos deter. Este pensador veio contrapor a ideia que se tinha do ser humano como objeto de estudo previsível, herança de um Freudismo e um Positivismo que encerravam o ser humano em fatos observáveis, o que o levou a criticar teorias como o Behaviorismo que adotaram esse ponto de vista anteriormente citado. Abordaremos neste trabalho sua visão do ser humano como um indivíduo livre de potencial criador. E que o papel da educação seria proporcionar meios para que este indivíduo possa vir a ser o que deseja ser, concordando assim o seu anseio pessoal subjetivo com sua vida efetiva objetiva. Ou seja, possa vir a se tornar Pessoa, e não apenas mera máquina ou objeto de forças externas alheias a ele. Um ser livre com o mundo e não refém deste, o que pressupõe uma importância maior ao poder de autoaprendizagem e a aprendizagem significativa. Utilizamos como referencial teórico os livros Liberdade para Aprender (1969) e Tornar-se Pessoa (1961), ambos de suma relevância para o tema central de nossa pesquisa, que é o ensino e a aprendizagem segundo a visão humanista rogeriana.

Palavras-chaves: Educação humanista. Ensino e Aprendizagem. Carl Rogers.

quarta-feira, 3 de março de 2010

As 4 Virtudes Cardeais

PhD. Guilherme Assis de Almeida


Virtude = tendência para o bem, que deve ser ensinada, vigilantemente, desde os primeiros anos de vida.

O número 4, segundo Pitágoras, representa a justiça pois 4 corresponde a soma de dois números pares e iguais (2 + 2), o quadrado também cumpre a mesma função. Justiça: idéia de proporcionalidade, medida, adequação. A virtude das virtudes, já que sua completa realização corresponde ao bem comum. O bem que não é só meu, nem teu, mas que inclui a comunidade, beneficiando a cada um e a todos, simultaneamente.

A justiça aponta para a finalidade da ação e a prudência é a mestra do como fazer: "Para bem agir, é necessário não apenas fazer algo, mas fazer como se deve, ou seja, é necessário agir de acordo com uma opção bem regrada e não apenas por impulso ou paixão." Esta frase de São Tomas de Aquino resume aquilo que é o agir virtuoso: a prudência.

Todavia, a vida nos coloca situações onde o exercício da prudência torna-se difícil. É necessário seguir em frente, sem titubear, mesmo não sentindo a força suficiente para tanto. Nestes momentos, se faz presente a coragem. Coragem virtude de iniciar, de buscar novos caminhos, de não nos imobilizarmos. Afrontar o perigo, mas com prudência (não em excesso), sem se deixar levar pela covardia, nem seduzir pela temeridade.

Justiça, prudência, coragem já temos um triângulo. Falta uma última para fecharmos o quadrado.

A virtude restante fala do contentamento com o uso de nossos prazeres sensuais (comer, beber, cheirar, transar, olhar...) virtude busca do bem. O bem a forma justa, adequada, harmoniosa. Como temperar uma salada: o azeite, o sal, o limão, a mostarda, o gergelim. Todos os temperos devem estar proporcionais, nem mais, nem menos. A medida certa, saborosa. A quarta virtude é a temperança.

Temperança, que para mim, tempera as outras três virtudes (justiça, prudência, coragem) todas vivenciadas na justa medida. Deste modo, o quadrado circula e as quatro virtudes transformam-se numa só. Qual?

Para ela não temos um conceito definido, é só uma idéia. As quatro virtudes cardeais são uma só, formam um quadrado mutante que circula para o bem do planeta.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Avaliação ou Verificação?



Este é um resumo de uma palestra dada pelo Dr. Cipriano Luckesi no início dos anos 1990. Trata do tema da avaliação da aprendizagem em sala de aula.

Insere-se em uma Crítica ao modelo de avaliação escolar, e injeta uma indagação: O que é feito na maioria das escolas, verificação ou avaliação?

Luckesi afirma: Avaliação implica em uma consequência, supõe-se uma posterior decisão; Verificação é um ato estático, estar para ver se a coisa é o que é. Esta diferença entre o ato de Avaliar e o de Verificar é, sobretudo, onde está inserida a crítica. Pois, se o ato de ensinar para o educando aprender é uma atividade dinâmica e que não depende tão somente do “inserir conteúdo”, “expor aula”, ou, de um “monólogo do educador” em sala de aula, todo o sistema de ensino-aprendizagem e constatação deste está ineficiente, ou melhor, problemático. Porque o que tem se observado é que é feito uma verificação da aprendizagem no aluno; não uma avaliação. A avaliação estaria mais concordante com o projeto de ensinar-aprender, pois, não só “verificaria” se o aluno aprendeu o que supostamente aprendeu, e sim, a partir do que aprendeu ou não aprendeu, o educador como figura ambientada de organização do pensamento do aluno poderia medir os seus próprios métodos e autoavaliar-se, podendo assim saber se atingiu com seus alunos os objetivos.

Para avaliar, Luckesi nos fala que o principal é saber de seus objetivos, para com o aluno e para consigo. O que pretendemos ensinar e o quanto é preciso o aluno saber. Por isso a avaliação supera a verificação, por ser um ato dinâmico, aberto, onde se está possível sempre rever o que está sendo feito, para melhorar, mudar, e evoluir nos procedimentos.

Luckesi também critica a sociedade que sustenta uma “cultura do medo”. E na escola, o professor representa um aliado dessa “Égide do medo”, o professor, consciente ou inconscientemente, reforça esta, ao fazer com que o aluno:

1. Tenha medo do sistema de avaliação (ou verificação). Por exemplo: quando o professor para conter os alunos na sala castiga as mentes com um terrorismo psicológico. Se vocês não fizerem isso irão ver na prova. Fazendo com que o aluno tema este “bicho de sete cabeças”, e viva sob este medo, e para este medo.

2. Como consequência da imersão do aluno nessa situação do medo, ele provavelmente no ambiente extraescolar refletirá esta mesma relação, ou como um “eterno medroso” ou para se assemelhar ao professor (que sabe tudo e pode controlar suas vidas a partir da prova) começar a inspirar essa mesma espécie de terror sobre os outros.

Por isso, é preciso que todo esse sistema de ensino sob a “cultura do medo”, onde o professor faz com que o aluno se sinta castigado se tira nota ruim, ou se “se comporta mal”, seja mudado.

Uma outra abordagem de Luckesi é sobre a nota. Ele nos fala que avaliar o aluno da forma como é avaliado, sob notas, não diz o que, e se, o aluno realmente aprendeu o que demonstrou possivelmente ter aprendido. Ao invés de notas, como é feito, duas, três notas por semestre, somadas e divididas ao final do processo e dada uma média para saber se o aluno está apto para passar, seria preciso estipular uma espécie de “mínimo necessário” em cada assunto da disciplina, para assegurar que aquele aluno aprendeu o mínimo necessário para passar, em cada assunto. Pois, a média ilude essa avaliação verdadeira do aprendizado.

Luckesi vê a nota de forma negativa, ela serve como controle, além de dividir os alunos por classe de inteligência, fazendo com que a esfera psicológica e metodológica dos professores e alunos seja alterada, e desviada de sua real intenção, e “freada” sua potência. A avaliação deve ser, como já dito, para que o professor e o aluno possam ensinar e aprender de forma melhor; não como objeto de classificação. Sendo assim, usada para poder mudar a postura do professor e dos alunos, a partir dos resultados.