sábado, 28 de março de 2009

Filebo (Platão)

Personagens: Sócrates, Filebo, Protarco.

A felicidade do homem:

Filebo defende que está na vida atendida pelo prazer. O prazer seria o bem da vida para levar o homem a felicidade.

Sócrates defende que está na vida que atende a sabedoria. O bem na vida seria seguir o caminho da reta razão, assim, o homem estaria seguindo feliz realmente.

Filebo sustenta que o prazer é a verdadeira meta para a qual devem esforçar-se todos os seres vivos, o bem supremo de todos, enquanto existirem, e que, a rigor, esses dois nomes, bom e agradável, se aplicam a uma só coisa da mesma natureza. Por sua vez, Sócrates nega que seja uma só coisa; tratando-se de nome diferentes, o bom e o agradável se distinguem um do outro pela própria natureza, e que na constituição do bem a sabedoria contribui com maior contigente do que o prazer. (Platão, Filebo, p. 39)

Sócrates defronta o caráter múltiplo e, por vezes, até oposto do próprio prazer. O prazer, mostra Sócrates, que muitas vezes ele se contradiz, não obtendo um caráter único, podendo variar de homem para homem e em cada situação. E até mesmo para o prazer ter seu gozo conseguido pelo homem ele necessita da sabedoria, do conhecimento.

Uma das questões pode ser exemplificada assim: Um homem em uma terra que ele sente demasiado calor, para ele, um lapso de frio seria prazeroso. Agora se ao inverso, um homem estivesse em uma terra que ele sente demasiado frio, um momento de calor seria, por esse viés, o seu prazer. Com esse exemplo demonstra-se: O prazer pode ser inverso. Seu caráter pode ser até mesmo nulo, pois, tomando que para um é o calor, o prazer, o outro tomará como o frio. Assim, não se podendo chegar ao acordo do que seria o prazer. Aqui com esse exemplo fica claro a questão da possível oposição que o entendimento de prazer teria. A questão de que para se entender o prazer precisaria do conhecimento, que no caso é nele que Sócrates afirma que está a felicidade do homem, pode ser exemplificada da seguinte maneira: Só se pode conhecer o prazer através do seu inverso (o desprazer). Para usufruir do prazer como felicidade o homem teria que pressupor dois conhecimentos, seriam eles: o conhecimento do seu desprazer, e o conhecimento do que seria o seu prazer que seria oposição a esse desprazer. Por exemplo: Um homem sente terrivelmente dor nos seus pés, pois, seu sapato é 38, quando ele calça 40; é notável seu desconforto e descontentamento. Ele corre para casa ao fim de seu expediente para poder “jogar” os sapatos para o alto e ver seus pés livres daquele “aperto”. Ele seria capaz até mesmo de “gemer” de prazer, ao aliviar seus pés daquele martírio doloroso. Duas coisas são mostradas com esse exemplo. A primeira é que o homem só sente o prazer (o alívio dos pés livres) porque antes teve o desprazer (o seus pés apertados), para ter o seu prazer ele precisaria tirar os sapatos, ele sabia disso. Pressupõe o conhecimento que seu martírio é causado por determinada coisa, e que seu prazer por outra. O homem faz essa deliberação (tirar os sapatos para obter o prazer que deseja) com o conhecimento do que seria o seu prazer. O prazer seria então encarado como algo que se quer não por si, mas, por causa de um desprazer, e, o homem teria que ter o conhecimento de ambos. Ficando assim, o conhecimento ainda acima do simples prazer para a felicidade. Pois, se o homem não tem o conhecimento ele não pode entender a dor e o que faz a falta dela.

O homem sábio estaria buscando a sapiência plena por saber que tudo que participa desse plano racional é o mais próximo da completude. O saber traz a felicidade ao homem, pois, a irracionalidade completa faria do homem um objeto, transeunte, ao acaso. Seria esse um homem feliz?

Voltando ao caso do prazer como o bem, que é levantado por Filebo e defendido por Protarco. O prazer não poderia ser o bem a ser almejado pelo homem porque o prazer muitas vezes pode até mesmo trazer algo de mal para o homem. Enquanto que a sabedoria participa do Bem, e só poderá dela vir para o homem o concordante.

Sócrates encerra afirmando que nem o prazer nem a inteligência são bens absolutos, pois, ambos são insuficientes e imperfeitos. Protarco concorda, deixando de lado a idéia de Filebo que seria o prazer o bem absoluto. Porém, Sócrates afirma que a inteligência está mais próxima desse bem absoluto do que o prazer, fazendo assim com que sua idéia que a sabedoria seja vista como melhor para se almejar ao bem do que o prazer acabe vencendo.

No Diálogo o tema central da discussão é realmente essa questão do prazer, da sabedoria e da felicidade do homem. Mas, são abordados outros temas como a questão do Uno, dos múltiplos, do finito e do infinito, da verdade e da opinião, dentre vários.

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