quinta-feira, 2 de abril de 2009

Emílio (Jean-Jacques Rousseau)


[Resumo por Mona Sara¹]

Emílio é uma obra que era muito querida por Rousseau, pois ela concluía as suas idéias sobre educação. Nela, ele apresentou uma nova maneira de pensar sobre a criança e sua infância, não mais como sendo um “adulto em miniatura”, mas sim, deixando de forma natural desenvolver seu processo educativo, porém, com acompanhamento e regramento de um adulto.
Esse livro fornece suporte para pensar na educação infantil, pois a criança precisa ser formada como “senhora de si mesma” e respeitada em seu mundo. Isso não significa que a criança não tenha limites morais e políticos, pelo contrário, tratar bem a infância também é integrá-la ao convívio social e para que isso aconteça é necessário que os adultos percebam e disciplinem progressivamente seus desejos.
Existe a necessidade da criança em sobreviver e os adultos devem fornecer cuidados para que isso aconteça. Perceber se são necessidades “reais” ou “fictícias” são questões decisivas para desenvolver o processo de educação natural na infância e construir esses valores morais é o fundamento primeiro para a integração ao convívio social na comunidade democrática.
Emílio mostrou uma nova forma de pensar a infância e que mexeu com a estrutura vigente de sua época e essa fundamentação teórica permaneceu viva até os dias atuais.
Para Rousseau a educação natural deve começar a partir do momento em que a criança vem ao mundo, essa é uma das grandes necessidades na formação do ser humano, antes mesmo de ser inserido na sociedade como cidadão, fornecendo assim uma educação para a vida em sociedade, mas isso só pode acontecer se o processo for realizado logo na infância, e que a criança seja respeitada em seu mundo e para o mundo.
Rousseau afirma que Emílio é um tratado so¬bre a bondade natural do homem, sendo esta fundada sobre a liber¬dade e, sobretudo, sobre a liberdade das paixões. Duas etapas caracterizam o seu conteúdo: a educação pela liberdade e educação para a liberdade. Nesta pers¬pectiva, pode-se afirmar que uma educação adequada é aquela que res¬peita a liberdade física da criança.
Nesse livro Rousseau tem como objetivo principal demons¬trar que o homem da natureza “saindo das mãos do Autor das coisas”, difere radicalmente do homem civil, que “nasce, vive e morre na escra¬vidão”.
As necessidades das crianças ultrapassam as suas forças, podendo desse modo usufruir de uma liberdade imperfeita, e mesmo assim, algumas não parecem nem mesmo atingir esta liberdade e vivem numa espécie de escravidão em relação as suas necessidades e paixões. Porém, Rousseau completa: “mas este fenômeno não pode ser atribuído à natureza, a servidão que dela decorre é fruto de uma educa¬ção deficiente que não soube distinguir com cuidado a verdadeira ne¬cessidade, a necessidade natural, da necessidade de fantasia que co¬meça a nascer”.
Ao longo do livro, Rousseau fala de sua recomen¬dação, a qual é preciso respeitar a liberdade da criança e criar à sua volta um clima propício para a sua reprodução. O respeito à liber¬dade, desse modo, deve ser presenciado desde os primeiros instantes em que a criança nasce. Com o seu crescimento, a criança deve ganhar espaço para se deslocar com toda liberdade e praticar jogos que lhe possibilitem o exercício dos membros. Em suas próprias palavras: “em vez de deixá-lo estragar-se no ar corrompido de um quarto, que seja levado diariamente até um prado. Ali, que corra, se divirta, caia cem vezes por dia, tanto melhor, aprenderá mais cedo a se levantar. O bem-estar da liberdade compensa muitos machucados”.
Rousseau depois completa: “no exato momento em que a criança adquire forças, os preconcei¬tos e a opinião dos outros podem atingir a sua alma, a educação deverá seguir um certo número de regras cujo espírito é dar às crianças mais verdadeira liberdade e menos domínio, deixar que façam mais por si mesmas e exijam menos dos outros”.
Para Rousseau, uma educação que confunde as diferentes espécies de necessidade e expõe as crianças aos menores anseios, faz nascer nela desejos cada vez mais variados, in¬tensos, e que acaba tornando-a “o mais vil dos escravos e a mais miserável das cria¬turas”.
É preciso oferecer um aprendizado sobre a ne¬cessidade e evitar as influências da opinião dos outros. A necessidade se apresenta inicialmente sob a forma das penas, ou seja, das dores físi¬cas que não devem ser economizadas à criança, uma vez que faz parte da própria condição humana. O bom edu¬cador não é aquele que torna a vida da criança fácil, nem aquele que pratica um modo de vida sem nenhuma conside¬ração por seu ritmo de desenvolvimento.

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1. Mona Sara é aluna de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará.

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