sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nietzsche e a Liberdade. (Miguel Angel Barrenechea)

Resumo por: Ms. Valéria Wilke

Nietzsche e a Liberdade é composto por três capítulos. No primeiro, o autor investiga genealogicamente a liberdade moral, na medida em que, ao discutir o aparecimento do conceito normativo de liberdade e o significado de sua inscrição na perspectiva das doutrinas morais, nos apresenta a origem do livre–arbítrio e das noções metafísicas construídas para sustentá–lo. O capítulo seguinte versa sobre a análise filológica do conceito de liberdade. Nele, o autor examina a forma como as doutrinas morais falam da liberdade e as principais noções envolvidas nesse falar, como sujeito, substância e causalidade.

Nessas duas primeiras partes encontramos o posicionamento crítico de Nietzsche diante do conceito normativo de liberdade. Como o próprio Miguel Angel acentua logo no início, "Nietzsche não nega a liberdade; contesta sim sua compreensão moral, que deturpa a dinâmica da conduta humana. A moral, a religião e a metafísica consideram o homem livre, dotado de uma suposta vontade autônoma, no intuito de torná–lo imputável pelos seus atos, arrogando–se o direito de julgá–lo e condená–lo. Esta tradição normativa emprega conceitos abstratos – ‘sujeito’, ‘vontade’, ‘causalidade’ etc – com a finalidade oculta de controlar as ações do homem... A liberdade – junto com a noção de ‘pecado’ – é um ‘instrumento de tortura’ nas sociedades organizadas sacerdotalmente."

No terceiro capítulo "A liberdade artística" o autor expõe a concepção nietzschiana de liberdade, mostrando o quanto ela se afasta radicalmente da concepção moral e como se aproxima da criação e da arte, uma vez que tal concepção estaria fundamentada na autonomia do homem, criador incessante de valores. De acordo com essa perspectiva positiva, o livre–arbítrio humano é criador, ou seja, o ser humano teria a capacidade de fixar continuamente novos valores, desfazendo e refazendo avaliações. Portanto, para além do bem e do mal estabelecidos pela moral e pela religião, tal como um artista, o homem criador estaria no devir de construir e destruir formas, avaliações, valores, estabelecendo novas interpretações, e nessa "arte de viver" ele próprio se constituiria.

Em Nietzsche e a Liberdade o autor apresenta ainda a estrutura da perspectiva trágica ao abordar o paradoxo da noção nietzschiana que faz do ser humano aquele que é livre ao acatar a necessidade, e que aceita, por isso, as forças presentes no jogo dionisíaco da vida.

Nietzsche e a Liberdade deve e pode ser lido tanto por aqueles que estão se iniciando no pensamento de Nietzsche quanto por aqueles que estão mergulhados nesse fascinante universo porque alia, de forma prazerosa, clareza e profundidade.

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