Autora: Gleyciane Machado Lobo Oliveira
Universidade Estadual do Ceará
E-mail: gleyciane.lobo@hotmail.com
A interpretação de Martin Heidegger acerca da Alegoria da caverna aponta para algo diverso da tradição. O texto platônico indica a paidéia, isto é, a formação do homem grego. Segundo Heidegger, o pensamento da verdade também está no escrito, só não foi explicitado. No mito, aquilo que é mais verdadeiro se mostra com a aproximação do que está fora da caverna. Há no exterior, o elemento que não só possibilita a formação de todas as sombras, mas também aquilo que empresta visibilidade a todo ente que se presenta. A Idéia do Bem é este elemento, que, segundo Platão, faz com que todo ente apareça e seja notado. Por ser a Idéia do Bem a origem e referência de tudo, o filósofo alemão procura mostrar que tal configuração distancia o ente da sua verdade mais originária. Nos estudos de fragmentos heraclitianos, Martin Heidegger indica o termo a-lhqeia como a verdade mais originária, configurada como aquilo que se desvela, que se mostra. Nos primeiros momentos do mito da caverna, este tipo de configuração prevalece. Entretanto, ao sair da caverna, o prisioneiro não realiza a sua “formação” a partir daquilo que se mostra. Sob o julgo da idea, a verdade é, agora, um olhar reto que apenas realiza uma concordância. Para o filósofo alemão, é neste momento que a verdade muda de direção. O escrito platônico torna toda relação com o ente em concordância entre a idéia, isto é, o conceito, e a coisa. Assim, aquela verdade originária, preocupada com o aparecer do ente por si mesmo, é deixada de lado.
Palavras-Chave: MITO DA CAVERNA, IDÉIA, ALETHÉIA.
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¹ Artigo feito para apresentação no XXVII ENEFIL, Rio de Janeiro, 2011