segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A ESTIMA EM SI, A SOLICITUDE E O SENTIDO DE JUSTIÇA, COMO FUNDAMENTOS DA ÉTICA EM PAUL RICOEUR


ELVIRA ROSA GUIMARAES PALMERIO

Resumo:

O filósofo francês Paul Ricoeur buscou superar a oposição entre ética e moral, construindo um conceito de sabedoria prática, tomando por fundamento as premissas anteriormente elaboradas por Aristóteles e Kant. Para tal, tenta articular a estima em si, a solicitude e o sentido de justiça, como pressupostos da ética fundamental para a existência de instituições justas. Ricoeur expôs essa tese, por ele denominada de pequena ética, na obra Soi Même comme un autre, publicando simultaneamente vários artigos esclarecedores desta. Nesse contexto, para o presente estudo utilizou-se do escrito Ética e Moral, publicado originalmente na França, em 1990, o qual integra a coletânea Leituras, volume 1, intitulado Em torno ao político. O teor estudado indica a característica teleológica da ética segundo Aristóteles, bem como a identidade deontológica da moral conforme Kant, ou deseja, é estabelecida a linha que separa os conceitos finalidade e dever. Verifica-se que Ricoeur leciona que a intenção ética compreende necessariamente três pressupostos: intenção de vida boa, com e para os outros, em instituições justas. Já a norma moral é percebida pelo autor como um formalismo necessário à ética, para que não se faça ao outro o que não queres que te façam e, nesse sentido, Ricoeur aduz que a moral travestida de solicitude se justifica como embargo à violência e à ameaça de violência. Assim, por trás do formalismo, o filósofo compreende que a solicitude faz a transição entre a estima em si e o sentido ético de justiça, compondo a ética em si. O autor finaliza seu preceito invocando uma sabedoria prática, vez que essa, segundo ele, permite que haja equidade no sentido de justiça, uma vez que somente por meio dela é possível a concretização real de um processo de distribuição justo e igualitário. Conclui-se que Paul Ricoeur, ao compor a sua tese ética, defende que apenas será possível a real existência de instituições justas, aqui compreendidas como um sistema de partilha, que se refere a direitos e deveres, rendimentos e patrimônios, responsabilidades e encargos, quando a humanidade formalizar a moral considerando-a a partir de uma intenção ética na qual, sobretudo, é preciso ver o outro como a si mesmo.

Palavras Chaves: Ética. Moral. Justiça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário