Este é um resumo de uma palestra dada pelo Dr. Cipriano Luckesi no início dos anos 1990. Trata do tema da avaliação da aprendizagem em sala de aula.
Insere-se em uma Crítica ao modelo de avaliação escolar, e injeta uma indagação: O que é feito na maioria das escolas, verificação ou avaliação?
Luckesi afirma: Avaliação implica em uma consequência, supõe-se uma posterior decisão; Verificação é um ato estático, estar para ver se a coisa é o que é. Esta diferença entre o ato de Avaliar e o de Verificar é, sobretudo, onde está inserida a crítica. Pois, se o ato de ensinar para o educando aprender é uma atividade dinâmica e que não depende tão somente do “inserir conteúdo”, “expor aula”, ou, de um “monólogo do educador” em sala de aula, todo o sistema de ensino-aprendizagem e constatação deste está ineficiente, ou melhor, problemático. Porque o que tem se observado é que é feito uma verificação da aprendizagem no aluno; não uma avaliação. A avaliação estaria mais concordante com o projeto de ensinar-aprender, pois, não só “verificaria” se o aluno aprendeu o que supostamente aprendeu, e sim, a partir do que aprendeu ou não aprendeu, o educador como figura ambientada de organização do pensamento do aluno poderia medir os seus próprios métodos e autoavaliar-se, podendo assim saber se atingiu com seus alunos os objetivos.
Para avaliar, Luckesi nos fala que o principal é saber de seus objetivos, para com o aluno e para consigo. O que pretendemos ensinar e o quanto é preciso o aluno saber. Por isso a avaliação supera a verificação, por ser um ato dinâmico, aberto, onde se está possível sempre rever o que está sendo feito, para melhorar, mudar, e evoluir nos procedimentos.
Luckesi também critica a sociedade que sustenta uma “cultura do medo”. E na escola, o professor representa um aliado dessa “Égide do medo”, o professor, consciente ou inconscientemente, reforça esta, ao fazer com que o aluno:
1. Tenha medo do sistema de avaliação (ou verificação). Por exemplo: quando o professor para conter os alunos na sala castiga as mentes com um terrorismo psicológico. Se vocês não fizerem isso irão ver na prova. Fazendo com que o aluno tema este “bicho de sete cabeças”, e viva sob este medo, e para este medo.
2. Como consequência da imersão do aluno nessa situação do medo, ele provavelmente no ambiente extraescolar refletirá esta mesma relação, ou como um “eterno medroso” ou para se assemelhar ao professor (que sabe tudo e pode controlar suas vidas a partir da prova) começar a inspirar essa mesma espécie de terror sobre os outros.
Por isso, é preciso que todo esse sistema de ensino sob a “cultura do medo”, onde o professor faz com que o aluno se sinta castigado se tira nota ruim, ou se “se comporta mal”, seja mudado.
Uma outra abordagem de Luckesi é sobre a nota. Ele nos fala que avaliar o aluno da forma como é avaliado, sob notas, não diz o que, e se, o aluno realmente aprendeu o que demonstrou possivelmente ter aprendido. Ao invés de notas, como é feito, duas, três notas por semestre, somadas e divididas ao final do processo e dada uma média para saber se o aluno está apto para passar, seria preciso estipular uma espécie de “mínimo necessário” em cada assunto da disciplina, para assegurar que aquele aluno aprendeu o mínimo necessário para passar, em cada assunto. Pois, a média ilude essa avaliação verdadeira do aprendizado.
Luckesi vê a nota de forma negativa, ela serve como controle, além de dividir os alunos por classe de inteligência, fazendo com que a esfera psicológica e metodológica dos professores e alunos seja alterada, e desviada de sua real intenção, e “freada” sua potência. A avaliação deve ser, como já dito, para que o professor e o aluno possam ensinar e aprender de forma melhor; não como objeto de classificação. Sendo assim, usada para poder mudar a postura do professor e dos alunos, a partir dos resultados.